O popular “Jogo do Tigrinho”, nome não oficial do game Fortune Tiger, é um jogo de azar online que se popularizou massivamente nas redes sociais brasileiras. Disponível em plataformas de apostas esportivas e cassinos virtuais, o jogo oferece ganhos rápidos (e perdas também) com apenas um clique.
O grande problema? Ele tem sido promovido de forma agressiva por influenciadores digitais, muitos dos quais têm milhões de seguidores, inclusive menores de idade. O jogo virou símbolo da exploração psicológica e econômica de públicos vulneráveis, como jovens e pessoas em situação financeira difícil.
O que é a CPI das Bets?
A CPI das Apostas (ou CPI das Bets) foi instaurada na Câmara dos Deputados em 2023 para investigar esquemas de manipulação de resultados no futebol e, com o tempo, passou a abordar jogos online como o Fortune Tiger.
A CPI começou focada em fraudes esportivas, mas diante da popularidade de jogos como o “Tigrinho”, ampliou seu escopo para investigar:
- A relação entre plataformas de jogos e influenciadores digitais pagos.
- A ausência de regulação clara para cassinos online no Brasil.
- Denúncias de lavagem de dinheiro e associação criminosa por meio dessas plataformas.
- O impacto psicológico e financeiro desses jogos em jovens e famílias endividadas.
Por que o Tigrinho virou alvo da CPI?
A CPI passou a investigar o “jogo do Tigrinho” por diversos fatores:
- Massiva propaganda nas redes sociais, principalmente TikTok e Instagram.
- Depoimentos de vítimas que perderam todo o salário no jogo.
- Influenciadores promovendo o jogo com frases como: “Faturei R$ 5 mil em 5 minutos”.
- Suposta participação de plataformas internacionais que operam no Brasil sem sede legal ou controle fiscal.
Além disso, investigações apontam que algumas dessas empresas operam de paraísos fiscais, dificultando a responsabilização judicial.
A participação de influenciadores digitais
A CPI convocou diversos influenciadores famosos, alguns com mais de 10 milhões de seguidores, que promoviam o jogo do Tigrinho e outras apostas em troca de comissões. Entre as práticas investigadas estão:
- Publicações enganosas que omitem os riscos de perda.
- Promoções direcionadas ao público infantojuvenil.
- Ganhos fictícios, editados em vídeo para parecerem reais.
A comissão busca entender quem está por trás do financiamento dessas ações e como as plataformas distribuem comissões a influenciadores.
Consequências esperadas da CPI
Ao final dos trabalhos, a CPI poderá:
- Sugerir leis para regulamentar cassinos e apostas online no Brasil.
- Propor sanções a influenciadores que promovam jogos ilegais ou enganosos.
- Recomendar bloqueios de sites e contas bancárias de plataformas criminosas.
- Encaminhar denúncias ao Ministério Público, Receita Federal e Polícia Federal.
O que diz a lei brasileira sobre isso?
Embora o Brasil tenha legalizado apostas esportivas (Lei nº 13.756/2018), cassinos online e jogos de azar ainda são juridicamente controversos. Muitos operam em zona cinzenta legal, usando domínios estrangeiros.
Sem uma regulação específica e fiscalização ativa, o país virou alvo fácil para empresas de jogo de azar disfarçadas de entretenimento.
Conclusão: um alerta digital
A CPI das Bets, ao incluir o Jogo do Tigrinho em sua pauta, escancara a urgência de regular o mercado digital de apostas no Brasil. A explosão de jogos como o Fortune Tiger não é apenas um problema de publicidade enganosa, mas uma questão de saúde pública, crime financeiro e proteção de dados.
Enquanto isso, milhares de pessoas seguem perdendo dinheiro, saúde mental e confiança, influenciadas por uma indústria bilionária que ainda age sem transparência nem responsabilidade social.
Referências
- Câmara dos Deputados – CPI das Apostas
- G1 – Influenciadores são convocados por promover jogos de azar
- UOL – Como funciona o jogo do tigrinho e por que ele preocupa
- Estadão – CPI mira apostas online e influenciadores
- JusBrasil – Apostas Online e Legalidade no Brasil