A era digital reformulou o conceito de influência. Se antes o termo “influenciador” era associado quase exclusivamente a celebridades do entretenimento e da moda, hoje o cenário é muito mais amplo e complexo. Educadores digitais, ativistas sociais e criadores de conteúdo de nicho emergem como protagonistas de uma nova era, moldando comportamentos, opiniões e até políticas públicas.
Este artigo analisa quem são esses influenciadores da nova era, como atuam e por que estão ganhando espaço — e respeito — em meio à saturação da internet.
A Nova Influência: Mais Conteúdo, Menos Aparência
A audiência digital está cada vez mais exigente. Com a saturação de conteúdos voltados ao consumo, o público passou a buscar relevância, valor informativo e autenticidade. É nesse contexto que os influenciadores da nova era se destacam.
Segundo o relatório “Digital 2024” da We Are Social e Meltwater, 63% dos usuários de redes sociais globais afirmam seguir influenciadores que produzem conteúdo educacional ou informativo, superando categorias como moda ou lifestyle.
Educadores Digitais: Conhecimento ao Alcance de Todos
Os educadores digitais são profissionais (ou autodidatas bem informados) que usam plataformas como YouTube, TikTok, Instagram e podcasts para disseminar conhecimento em diversas áreas: ciência, história, matemática, psicologia, idiomas, finanças, entre outras.
Exemplos notáveis:
- Prof. Noslen (Brasil): ensina português de forma divertida no YouTube.
- Kurzgesagt – In a Nutshell (Alemanha): canal que explica temas científicos complexos com animações claras.
- Nath Finanças (Brasil): influenciadora que ensina educação financeira para jovens da periferia.
A força desses perfis está na democratização do saber. Eles tornam o aprendizado acessível, muitas vezes gratuito, e dialogam diretamente com o cotidiano dos seus seguidores.
Ativistas Digitais: Vozes por Transformação Social
A presença de ativistas nas redes não é nova, mas ganhou uma nova dimensão. Eles não apenas denunciam injustiças, como também organizam ações concretas, propõem soluções e mobilizam comunidades.
Características comuns:
- Envolvimento com causas sociais, ambientais, raciais, LGBTQIA+ e de direitos humanos.
- Uso estratégico das redes para educar, pressionar instituições e formar redes de apoio.
- Parcerias com ONGs, coletivos e até organismos internacionais.
Exemplos:
- Greta Thunberg: ativista climática sueca com milhões de seguidores.
- Djamila Ribeiro (Brasil): filósofa e autora que trata de feminismo negro.
- Anielle Franco: ministra da Igualdade Racial no Brasil, influente também nas redes.
Segundo o estudo “Power of Influence” da Edelman (2023), os influenciadores ativistas têm maior índice de confiança entre jovens da Geração Z (78%) do que figuras políticas ou jornalistas.
Criadores de Nicho: Comunidades Fortes e Engajadas
Os criadores de nicho são aqueles que produzem conteúdo sobre temas muito específicos — como xadrez, jardinagem urbana, minimalismo, literatura clássica, neurodiversidade ou cultura geek. Eles podem ter menos seguidores que os grandes influenciadores, mas possuem um público altamente engajado.
Por que são relevantes:
- Alto nível de autoridade no tema abordado.
- Criam comunidades coesas e com forte senso de pertencimento.
- Geram oportunidades de monetização por meio de cursos, produtos e eventos especializados.
Um exemplo é o canal Manual do Mundo, que une ciência, engenharia e experimentos para um público curioso e fiel.
A Confiança como Moeda
Mais do que números de seguidores, o que define a influência na nova era é a confiança. O público quer saber quem está por trás do conteúdo, quais valores essa pessoa representa e qual é sua contribuição real para o mundo.
Plataformas como Instagram e TikTok estão adaptando seus algoritmos para promover criadores com altos níveis de retenção e engajamento real, o que favorece educadores, ativistas e nichadores.
Desafios e Responsabilidades
Apesar da relevância, esses influenciadores enfrentam desafios importantes:
- Desinformação e ataques digitais, especialmente quando tocam em temas sensíveis.
- Pressões para “viralizar”, mesmo em conteúdos que exigem profundidade.
- Dificuldade de monetização, em comparação com influenciadores de entretenimento.
Portanto, a responsabilidade é alta: educar e mobilizar exige ética, preparo e compromisso com a verdade.
Conclusão
A nova geração de influenciadores não busca apenas curtidas — quer impacto. Educadores, ativistas e criadores de nicho estão redesenhando o mapa da influência digital, colocando propósito e conteúdo acima da estética vazia. E isso representa um avanço importante para a construção de uma internet mais consciente, crítica e participativa.
Referências
- We Are Social & Meltwater (2024). Digital 2024 Report.
- Edelman (2023). Power of Influence Report.
- Deloitte Insights (2023). Millennial and Gen Z Survey.
- McKinsey & Company (2022). The Rise of Purpose-Driven Influence.
- Entrevistas e dados públicos de: Greta Thunberg, Nath Finanças, Djamila Ribeiro, Prof. Noslen.